Meio ambiente: resíduos sólidos no Brasil
As questões relativas ao lixo orgânico, coletas seletivas e reciclagem, por exemplo, são comumente abordadas na sociedade, mas, pouco se fala sobre o destino dos resíduos sólidos.
Fonte
Globo.com/Globo Ecologia
Pesquisa apresenta dados sobre o impacto dos resíduos sólidos no Brasil
A destinação inadequada do lixo contribui para a contaminação do solo e dos rios, bem como agrava a saúde pública, entre outros problemas ambientais
A quantidade de resíduos sólidos gerados no Brasil em 2011 totalizou 61,9 milhões de toneladas, 1,8% a mais do que em 2010 – o que corresonde ao dobro do crescimento populacional, de 0,9% entre um ano e outro. Esses dados foram levantados pelo Panorama dos Resíduos Sólidos de 2011, relatório anual feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), com o objetivo de dar a visão geral do problema representado pelos resíduos sólidos no Brasil.
De acordo com Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe, o motivo para esse aumento na quantidade de resíduos é basicamente o aumento do poder aquisitivo da população brasileira: "Por consequência do maior consumo, há um descarte de resíduos em maior volume”.
Outro problema verificado no relatório é a questão relacionada à destinação dos resíduos sólidos. “Em 2011 teve um problema de destinação inadequada de 42% dos resíduos sólidos”, aponta Silva. A destinação inadequada dos resíduos contribui para, entre outros impactos, contaminação do solo e dos fluxos hídricos, bem como agrava o problema da saúde pública.
Ainda que significativos 58,1% do total dos resíduos coletados sigam para aterros sanitários, cerca de 75 mil toneladas diárias ainda têm destinação inadequada, encaminhadas para lixões ou aterros controlados - os quais não possuem o conjunto de sistemas e medidas necessários para proteção do meio ambiente. Apesar do que determina a lei, essa destinação inadequada de resíduos sólidos urbanos está presente em todos os estados. Os dados do relatório de 2011 apontam que mais de 60% dos municípios brasileiros dispuseram os resíduos em unidades de destinação inadequada.
A elaboração do Panorama dos Resíduos Sólidos 2011, que abrange não apenas os dados sobre resíduos sólidos urbanos, mas também dos resíduos de construção e demolição, resíduos de serviços de saúde e coleta seletiva, deu-se exclusivamente por pesquisas diretas realizadas pela Abrelpe junto a 400 municípios brasileiros com o uso da Ciência Estatística. “A partir do momento em que obtemos os dados dessas cidades é possível extrapolar esses dados para o país como um todo, tento uma margem de erro não maior que 5%”, acrescenta Silva.
É importante destacar que o relatório identificou diferentes situações nas regiões brasileiras, o que demonstra que o problema tem que ser encarado de maneira a atender características de cada região. “Por exemplo, enquanto que no âmbito do Brasil, 42% do lixo teve destinação inadequada, nas regiões Norte e Nordeste têm esse índice perto dos 70%”, ressalta o diretor da Abrelpe.
As metas da lei de resíduos sólidos
Divulgado um ano após a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010) ser sancionada, o Panorama dos Resíduos Sólidos 2011 não contém dados sobre o efeito da nova legislação na questão dos resíduos sólidos. “Como a política foi sancionada em agosto de 2010 e o decreto de regulamentação foi publicado em dezembro, durante o ano de 2011, quando nós conduzimos a pesquisa, ainda não tínhamos notado resultados concretos decorrentes da lei”, explica Carlos Silva Filho. “No entanto, do decorrer da pesquisa, nós também notamos uma mudança de mentalidade mais alinhada com aquilo que a Lei diz”.
Apesar das estatísticas apresentadas, o diretor da Abrelpe acredita que o Brasil tem total potencial para cumprir as metas da Lei até 2014 – data limite para a exposição de resíduos de forma adequada em aterros. "Mas para isso precisa começar o quanto antes e desenvolver ações de uma maneira realista e não utópica”. É preciso que o poder público tome medidas relacionadas ao engajamento da sociedade nas ações de resíduos e um sistema de incentivo positivo para a coleta seletiva e a reciclagem, entre outras. “É muito importante também o estabelecimento de fontes de custeio, que são meios de como os serviços serão remunerados”, completa.